Tokenização, oportunidade de negócios de US$ 16 trilhões até 2030. A tokenização é uma das tecnologias mais revolucionárias da nova economia digital. Com o avanço das redes blockchain e a consolidação das finanças descentralizadas (DeFi), o conceito de tokenização está deixando de ser apenas uma promessa e se tornando um mecanismo prático e escalável para representar ativos reais, financeiros e intangíveis no ambiente digital.
De acordo com um
relatório do Boston Consulting Group e da ADDX, estima-se que o mercado de tokenização será uma oportunidade de negócios de US$ 16 trilhões até 2030, preparando o terreno para uma transformação em grande escala das economias globais sustentadas pela tecnologia blockchain e pela
veracidade criptográfica .
Neste artigo, você vai entender o que é tokenização, como funciona sua estrutura técnica e regulatória, e conhecerá três exemplos reais em diferentes camadas de blockchain: uma rede de primeira camada (L1), uma solução de escalabilidade (L2) e uma infraestrutura de integração e liquidez (L3).
O que é Tokenização?
Tokenização é o processo de representar um ativo do mundo real (como imóveis, ações, obras de arte ou contratos) por meio de um token digital registrado em uma blockchain. Esse token funciona como um certificado criptográfico, com autenticidade, rastreabilidade e negociação programática.
Na prática, a tokenização permite dividir um ativo em partes fracionadas, registradas de forma imutável, auditável e transparente. Esse processo pode reduzir barreiras de entrada, democratizar o acesso a investimentos e criar liquidez para ativos ilíquidos.
Estrutura Técnica e Regulatória da Tokenização
Para que a tokenização ocorra de forma segura e eficaz, são necessários três elementos fundamentais:
- Infraestrutura Blockchain: rede onde os tokens serão emitidos e validados. Pode ser uma blockchain pública (como Ethereum ou Solana) ou uma permissionada (como Hyperledger).
- Oráculos e Validadores: componentes que conectam dados do mundo real à blockchain (como Chainlink e Pyth Network), garantindo que as informações refletidas nos tokens sejam verdadeiras.
- Compliance e Regulação: o processo deve respeitar as leis locais de valores mobiliários. Nos EUA, a SEC e a CFTC exigem registro ou isenção legal para a maioria dos ativos tokenizados.
De acordo com o WEF (World Economic Forum), mais de 10% do PIB global estará tokenizado até 2030. Já a Boston Consulting Group estima um mercado de mais de US$ 16 trilhões em ativos tokenizados até 2030, incluindo títulos, créditos de carbono, direitos autorais e até mesmo ativos pessoais.
Três exemplos reais de Tokenização por camada
1. Tokenização em Camada 1 (L1): Ethereum e o caso do Tesouro Americano
A Ethereum é a principal blockchain de camada 1 para ativos tokenizados. Empresas como Franklin Templeton, Ondo Finance e Backed Finance estão emitindo tokens de T-Bills (títulos do Tesouro dos EUA) diretamente em redes como Ethereum e Polygon.
Esses tokens, como o BUIDL (do Franklin Templeton), replicam o rendimento de títulos públicos em formato de stablecoins lastreadas por ativos soberanos. A liquidez é automatizada por contratos inteligentes, e a custódia fica sob controladoras reguladas.
Benefícios:
- Altíssima liquidez;
- Rendimento em tempo real;
- Redução de intermediação bancária.
2. Tokenização em Camada 2 (L2): Polygon e os fundos de investimento
A Polygon tem sido a escolha preferida para operações que precisam de alta escalabilidade e baixas taxas. A própria Franklin Templeton utiliza a Polygon para hospedar seu fundo tokenizado, devido à compatibilidade com Ethereum e aos baixos custos de transação.
Outro exemplo é a Boson Protocol, que está tokenizando contratos de e-commerce para representar produtos físicos em negociações digitais descentralizadas.
Benefícios:
- Menores taxas por transação;
- Alta compatibilidade com carteiras e protocolos Ethereum;
- Mais usabilidade para empresas e aplicações mobile.
3. Tokenização em Camada 3 (L3): Real World Assets na rede Centrifuge
A camada 3 foca em integração de dados, interfaces de usuário e liquidez. A Centrifuge é um dos principais projetos de L3, com foco em Real World Assets (RWA), onde empresas tokenizam faturas, créditos e contratos financeiros para captar recursos no mercado DeFi.
A estrutura permite a tokenização de:
- Crédito de carbono (com Goldfinch);
- Financiamento de PMEs (através da MakerDAO);
- Faturas e recebíveis corporativos (através de Tinlake).
Benefícios:
- Acesso a capital descentralizado;
- Proteção de dados sensíveis;
- Transparência regulatória com dados auditáveis on-chain.
Casos reais de tokenização: imóveis, agro e arte
1. Tokenização de Imóveis: Loft e RealT
A startup RealT, baseada nos Estados Unidos, permite que investidores comprem frações de propriedades imobiliárias através de tokens ERC-20 na blockchain da Ethereum. Cada token representa uma parte de um imóvel real, com rendimento de aluguel distribuído automaticamente.
No Brasil, empresas como a Loft estão iniciando estudos para integração de propriedade tokenizada para facilitar liquidez e financiamento descentralizado no setor imobiliário.
2. Tokenização do Agronegócio: Agrotoken e CBios
A Agrotoken na Argentina está criando tokens lastreados em commodities como soja e milho, permitindo que produtores usem esses ativos como garantias em operações financeiras.
No Brasil, os CBios já são tokenizados para permitir negociação de créditos de carbono da produção de biocombustíveis, conectando agro e sustentabilidade.
3. Tokenização de Obras de Arte: Artory e Particle
A plataforma Artory usa blockchain para registrar procedência e autenticidade de obras de arte, enquanto projetos como a Particle permitem que colecionadores possuam frações tokenizadas de obras renomadas como os quadros de Banksy.
Esses tokens garantem transparência, liquidez e acessibilidade para um mercado historicamente exclusivo.
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Conclusão: Tokenização é inevitável
A tokenização já está transformando o sistema financeiro global. Com ganhos em liquidez, transparência e fracionamento, ela permite que ativos antes inacessíveis se tornem parte da nova arquitetura do capital.
As três camadas do ecossistema blockchain têm papéis diferentes, mas complementares, no avanço da tokenização. Projetos como Ethereum, Polygon e Centrifuge já são referências globais nessa nova economia.
A Dama DeFi segue acompanhando essa revolução, de olho nas oportunidades reais para pessoas comuns acessarem mercados globais através da tokenização.
Fontes:
- World Economic Forum (2023). “The Future of Financial Infrastructure.”
- Boston Consulting Group (2022). “The Trillion-Dollar Tokenization Opportunity.”
- Franklin Templeton (2024). Relatório oficial sobre o BUIDL Token.
- Centrifuge Docs (2024). Plataforma Tinlake.
- Agrotoken.io; RealT.co; Artory.com
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